“Uma concessão que vai durar 30 anos deve ser exaustivamente discutida, para evitar prejuízos ao Estado e às pessoas”. A posição foi defendida pelo pré-candidato a governador do Paraná, Cesar Silvestri Filho, ao tratar da questão do pedágio em reunião no IEP – Instituto de Engenharia do Paraná. “Espero ser governador a tempo de evitar que o modelo em discussão, que é tão ruim quanto o que tivemos até o ano passado, penalize o Paraná, nossa economia e todos os paranaenses”, acrescentou.
Os contratos da antiga concessão terminaram em novembro de 2021, mas como ainda não houve nova licitação, a operacionalização das rodovias está sendo feita de maneira provisória pelos governos estadual e federal. Silvestri reafirmou que um dos objetivos de sua pré-candidatura é “colocar o pedágio em debate, com total transparência, sem omitir informações, sem delegar responsabilidades. O Paraná sabe o que o Paraná precisa e quer”.
Segundo Silvestri, o governo foi irresponsável e agiu com viés eleitoreiro ao abrir as cancelas. “O governador disse que acabou com as tarifas abusivas, quando na verdade os contratos se encerraram e o governo não conseguiu realizar a tempo uma nova concessão. Já se passaram sete meses desde o fim dos contratos e agora percebe-se que foi uma ação política premeditada: deixar tudo para depois da eleição”, afirmou.
O resultado dessa imprudência é a deterioração das estradas, o mato cobrindo as placas de sinalização, o SAMU e a Polícia Militar deixando cidades desassistidas para atender acidentes em rodovias. “Em síntese, o governador está brincando com a segurança das pessoas”, disse Silvestri.
Tarifas mais baixas?
Na campanha de 2018, o governador Ratinho Júnior afirmou que a prioridade para o pedágio era estabelecer um modelo com tarifas bem mais baixas. No entanto, de acordo com uma nota técnica da ANTT, a tarifa estipulada no modelo proposto deverá sofrer um aumento de 29,7% ainda neste – ou seja, antes mesmo de a licitação ser realizada.
Na prática, a previsão é de que as tarifas não sejam tão mais baratas como afirmava Ratinho. Para exemplificar: na concessão antiga, a tarifa entre Curitiba e o litoral era de R$ 23,30; na nova concessão, o valor inicial seria de R$ 15,36, mas com o aumento já está em R$ 19,81. Já na praça de São Luiz do Purunã, a nova tarifa proposta é mais cara que a antiga: R$ 10,33 com o aumento sugerido pela ANTT contra R$ 9,60 cobrados na concessão antiga.
Além das tarifas mais caras, o modelo proposto por Ratinho cria 15 novas praças de pedágio no Paraná, “Isso significa que além de pagar mais caro nas praças que já existem, ainda teremos mais tarifas nas praças novas”, complementa Silvestri.
Outra preocupação levantada por Silvestri é a condição das estradas. “O nível das rodovias que tínhamos no fim da concessão, no qual o modelo do governo baseia-se, não existe mais. Para restabelecer o que foi deteriorado terá de haver mais investimentos, que também vão encarecer a tarifa”.
Se o modelo proposto não é adequado, o que deve ser feito?
Em reunião com o engenheiro Jaime Sunye, do IEP, Cesar Silvestri propôs rediscutir o modelo apresentado pelos governos federal e do Paraná para a nova concessão. “É uma discussão complexa, que não foi feita da forma que deveria, por isso precisa ser retomada. Se o modelo fosse bom, já se teria chegado a um consenso. Mas como todo mundo está contra é porque algo de muito errado está acontecendo”, defendeu Silvestri.
O pré-candidato disse estar seguro de duas coisas. “Primeiro, acredito que há no Paraná inteligência e talento para construir o modelo de pedágio que melhor vai nos atender; segundo, tenho certeza que podemos fazer melhor do que isso que querem nos vender como a melhor solução, mas que não é”, explicou. “Basta avaliar modelos de outros estados e de outros países para ver que tem coisa melhor melhor. Podemos, por exemplo, ter um modelo sem nenhuma nova praça de pedágio”, acrescentou.